Notas
Dilma sangra, Lula se esfacela
Ricardo Noblat
Por Cesar Galeano –
Um Lula mais fraco do que está seria melhor ou pior para o futuro do governo Dilma? A resposta mais fácil é que seria pior. Porque dele deriva a força que assegura a respiração artificial do governo.
É por causa dele que os movimentos sociais, embora de má vontade, ainda sustentam Dilma. O PT só não se esfacelou porque sonha com Lula outra vez presidente em 2019. Parece um sonho impossível?
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A levar-se em conta pesquisas de opinião, tudo indica que sim. As investigações da Lava-Jato atingiram em cheio a imagem de Lula.
Pesquisa do Instituto Ipsos, divulgada na semana passada, ouviu 1,2 mil pessoas em 72 municípios do país entre os dias 13 e 27 de janeiro. Antes, portanto, da massificação do noticiário sobre o tríplex da família Lula no Guarujá e do sítio em Atibaia.
Para 25% dos entrevistados, o ex-presidente é um político honesto. Em 2005, no auge do escândalo do mensalão, 49% pensavam assim.
Para 68%, Lula não tem mais moral para falar de ética, ante 57% no mensalão. Na avaliação de 67%, ele é tão corrupto quanto os outros políticos. No mensalão, 49% compartilhavam a mesma opinião.
Sobrou para os partidos, PT na cabeça.
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Em 2002, ano em que Lula se elegeu presidente da República pela primeira vez, 37% dos entrevistados disseram que não tinham preferência por nenhum partido. Agora, espantosos 82%.
A opção pelo PT caiu de 28% em 2002 para 6% em 2016. Segundo a pesquisa, o partido é apontado por 71% como mais corrupto do que os demais.
Oito em cada dez entrevistados (82%) consideram que o PT não tem mais moral para falar de ética. Em 2005, com o mensalão, eram 68%. Apenas 15% afirmam que o PT ainda é um partido honesto contra 27% em 2005.
Dilma tem procurado manter distância do PT para tentar escapar do seu desgaste. Não o condena, mas também não o defende. Procede assim em relação a Lula também.
Nem por isso a situação de Dilma melhorou: 92% dos entrevistados acreditam que o Brasil está no rumo errado, e 79% avaliam o governo como ruim ou péssimo.
O impeachment de Dilma é defendido por 60%. Nove em cada dez entrevistados não só apoiam a Lava-Jato como dizem que as investigações devem continuar “custe o que custar”, apesar dos estragos na economia.
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A corrupção desbancou a saúde como o problema que mais aflige os brasileiros. É a primeira vez que isso acontece desde 2002.
Cerca de 92% dos entrevistados concordam com a afirmação de que “sempre vai existir corrupção no país”. Talvez por isso, 46% imaginam que a Lava-Jato terminará em “pizza”, contra 31% que discordam, e 23% que não responderam à pergunta.
Lula e Dilma estão impedidos de circular livremente pelo país. Só comparecem a solenidades fechadas. Mesmo assim, em sessão do Congresso, Dilma acabou vaiada.
Um panelaço nas maiores cidades do país recepcionou seu mais recente pronunciamento na televisão.
Interlocutores de Lula confidenciam que ele pensa que só se recuperará se o governo se recuperar. Não é bem assim.
O destino de Lula depende mais dos resultados das investigações policiais do que da sorte do governo.
Dilma poderá continuar sangrando até o último dia do seu mandato e, no entanto, as chances de Lula sucedê-la naufragarem antes.
Ninguém melhor do que ele sabe que isso é verdade. Ninguém melhor do que ele sabe o que fez. Daí o seu silêncio e desespero.
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