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Mundo está na rota para aquecer mais de 2°C, diz avaliação mais ampla já feita pela ONU

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Levando em conta os anúncios na última conferência climática, a indicação é que a humanidade caminha para entre 2,4°C e 2,6°C

 (FOLHAPRESS) – A mais abrangente avaliação já feita sobre o andamento do combate à crise climática aponta que, apesar de avanços ao redor do mundo desde a assinatura do Acordo de Paris, muito mais é necessário. O mundo não caminha para a limitar o aquecimento planetário ao preferível 1,5°C ou a 2°C. Levando em conta os anúncios na última conferência climática, a indicação é que a humanidade caminha para entre 2,4°C e 2,6°C.

A UNFCCC (sigla em inglês para Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) publicou, nesta sexta-feira (8), o primeiro Global Stocktake, algo como um inventário global das ações contra a crise climática.

Segundo a análise, se os compromissos de longo prazo de neutralidade climática apresentados na COP27, a conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas que ocorreu ano passado, no Egito, forem totalmente implementados, o mundo tem a possibilidade de limitar o aquecimento entre 1,7°C e 2,1°C.

O documento aponta que a janela para aumentar ambição climática e implementar os compromissos atuais para limitar o aquecimento global a 1,5°C está está se estreitando.

«A ambição de mitigação das NDCs não é coletivamente suficiente para alcançar a meta de temperatura do Acordo de Paris», diz o relatório.

NDC é a abreviação para «nationally determined contribution», ou contribuição nacionalmente determinada. Em resumo, são os compromissos climáticos, as metas de redução de emissões que os próprios países determinaram para si.

A avaliação destaca que, para alcançar uma redução de emissões de gases-estufa de 43% até 2030, 60% até 2035 (em comparação a 2019) para finalmente chegar ao chamado «net zero» global em 2050, «muito mais ambição em ação e suporte para implementação de medidas domésticas [internas, dos países] é necessária», além de metas mais ambiciosas.

A partir da análise dos atuais compromissos climáticos -as NDCs-, o documento aponta que, para o planeta ficar alinhado com a meta de limitar o aquecimento a até 1,5°C, existe uma lacuna de emissões -ou seja, ainda precisam ser cortadas- de 20.3 a 23.9 gigatoneladas de CO2 equivalente (o CO2 equivalente significa, em linhas gerais, uma forma de medir, sob um único parâmetro, todos os diferentes gases que causam o aquecimento do planeta).

Vale lembrar que, quando falamos de aquecimento de 1,5°C até 2°C, a base de comparação é a temperatura do período pré-industrial (tratado como o período 1850-1900). O documento aponta que o planeta já aqueceu 1,1°C, com inquestionável participação humana em considerável parte desse aquecimento.

A avaliação aponta a necessidade de escalar o uso de energia renovável e eliminar todos os combustíveis fósseis, o que são elementos indispensáveis para uma transição energética justa em direção à neutralidade climática.

Também é citada a necessidade de parar o desmatamento e a degradação de florestas, algo importante para reduzir emissões, além de conservar locais que, teoricamente, são sumidouros de carbono.

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