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EUA tem milhões de hectares a serem plantados e chuvas continuam chegando
A foto acima é do Twitter do produtor norte-americano Eric Earl Mondhink, de Montgomery County, em Illinois, e reflete bem seu sentimento e de seus colegas de atividade nos EUA neste momento. Don’t Stop Believin é uma música da década de 1980 da banda Journey e quer dizer «não deixe de acreditar». E esse é, de fato, o cenário refletido em quase todas as regiões produtoras dos Estados Unidos neste momento. As chuvas parecem não dar trégua. Encharcados, os solos impedem o avanço – e até mesmo o início, em alguns pontos – dos trabalhos de plantio.
Até o último dia 26 de maio, o país ainda tinha pouco mais de 40 milhões de hectares (99 milhões de acres) a serem plantados, segundo a especialista internacional Karen Braun, da Reuters. O número é recorde e fica atrás apenas de outros quatro anos: 1995 – 70,1 milhões de acres; 1996 – 58,2 milhões; 2013 – 56,8 milhões e 2011 – 56,5 milhões.
Ao mesmo tempo, os níveis de umidade do solo nas principais regiões produtoras dos EUA. Nos últimos 30 dias, de Iowa a Illinois até as Planícies do Sul, os acumulados de chuvas foram de 254 a 508 mm no período, segundo explica o meteorologista Kikr Hinz, da BAM Weather. «Isso traz um volume de 127 a 381 mm acima do normal para o período», diz.
O mapa abaixo ilustra o intervalo.
As temperaturas também não ajudaram e não só o plantio está atrasado, como a germinação da soja e do milho também. E onde aconteceu, também enfrenta problemas. De 1º a 29 de maio, boa parte do Meio-Oeste americano sofreu ainda com temperaturas baixas, atípicas para o período de primavera e que comprometem ainda a emergência das sementes.
O primeiro arranque nos campos não tem sido bom e, de acordo com especialistas internacionais, esse quadro começará a ser conhecido em detalhes quando o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxer, em seu reporte semanal de acompanhamento de safras, os primeiros índices de condições das lavouras.
De Mattoon, em Illinois, o brasileiro Luís Eduardo Gerkhe, que está atuando em uma propriedade local envia um vídeo mostrando a dificuldade da soja em germinar por conta do excesso de umidade no solo.
«Essa é uma soja plantada há 7 dias (22 de maio) e vemos algumas plantas emergindo, outras sufocadas, sem ar para germinar (…) A soja que está plantada não está vindo em boa condição. Na minha opinião, será um ano bem complicado aqui em Illinois, nos EUA», diz.
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Na imagem seguinte, também de Karen Braun, as plantas de soja germinando no sul de Minnesota após serem plantadas em 14 de maio. «A soja finalmente emergiu», diz.
A especialista publicou ainda fotos de campos de milho no leste de Iowa. «O milho precisa desesperadamente de calor e sol, e os estandes estão irregulares», relata Karen. «E está chovendo a cada dois dias há algum tempo. Ainda assim, o produtor acredita que pode ter rendimentos acima da média neste campo», completa.
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Em Indiana, em entrevista ao portal local Star Press, o produtor de Delaware County, Joe Russel, afirma nunca ter vivido algo semelhante em 44 anos de atividade. Russel ainda não conseguiu plantar nada de sua soja ou milho.
«O solo está muito molhado para se fazer qualquer coisa. Estamos sendo ‘agredidos’ tanto pela quantiadade, quanto pela frequência das chuvas. Saturados dessa maneira, os solos demoram de quatro a cinco dias para secar um pouco, mas mais chuvas chegam antes disso, antes mesmo de se poder entrar no campo. Então, o atraso continua», lamenta.
A matéria do Star Press lembra ainda que não se tratam de desafios limitados somente ao milho e á soja. «São revendas de insumos agrícolas, empresas de sementes, revendas de fertilizantes, empresas de máquinas e implementos, exportações, plantas de produção de etanol, os preços das hortaliças. Os impactos do mal tempo são generalizados.
A foto mostra localidades no leste de Illinois – coletada no Twitter de Chad E. Colby – mostrando a extensão do excesso de chuvas.
As imagens abaixo mostram recentes inundações em Waverly, no Missouri, município nas proximidades de rios importantes.
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PREVISÃO DO TEMPO
Pela frente? Mais chuvas são esperadas. Os próximos sete dias, de acordo com a previsão atualizada nesta sexta-feira (31) pela DTN The Progressive Farmer, ainda traz um padrão muito úmido para o Meio-Oeste americano. As Planícies do Sul poderão ser as mais afetadas.
«Mais enchentes são esperadas, danos ao trigo e perda de área», alerta o meteorologista do portal internacional. «O leste do Meio-Oeste deverá registrar de moderados a elevados acumulados de chuvas. No Oeste da região, volumes menores», diz.
Em uma previsão mais alongada, até 16 de junho, os mapas seguem mostrando a continuidade das precipitações. Mais de 25 a 50 mm são previstos ainda para as Dakotas, Minnesota, Iowa, Illinois, Missouri. As informações também partem da BAM Weather.
DATAS X PLANTIO
Enquanto as chuvas não dão trégua, as janelas de plantio ficam cada vez mais estreitas no cinturão de produção norte-americano. Para o milho, o tempo está praticamente esgotado, como mostra o mapa do especialista Kevin Van Trump.
«Com exceção de Illinois, Indiana e Ohio, hoje foi o último dia ára o plantio do milho na maior parte dos estados. E somente nestes três, de acordo com o último relatório de acompanhamento de safras do USDA de 28 de maio, ainda há cerca de 5,6 milhões de hectares (14 milhões de acres) ainda a serem semeados. Será interessante observar o avanço na próxima semana», diz.
Em todo o país, faltam ainda quase 15,74 milhões de hectares (39.792,640 milhões de acres) de milho para serem plantados.
Para a soja, que começa a ser semeada mais tarde nos EUA, ainda faltam mais de 24 milhões de hectares (60.078,070 milhões de acres).
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