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Fenômeno climático La Niña chegou, mas deve perder força até abril, confirma agência dos EUA

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Administração Oceânica e Atmosférica Nacional do país (Noaa) diz que o La Ninã deve continuar até o período entre fevereiro e abril de 2025, com 59% de chance de persistência. Depois disso, é esperado que as condições voltem ao estado neutro.

Por Roberto Peixoto, g1

Padrão de aquecimento da superfície do Pacífico de outubro a janeiro. — Foto: NOAA

Padrão de aquecimento da superfície do Pacífico de outubro a janeiro. — Foto: NOAA

A Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa) declarou nesta quinta-feira (9) que as condições para a formação do fenômeno La Niña estão oficialmente confirmadas.

❄️O La Niña ocorre quando há o resfriamento da faixa Equatorial Central e Centro-Leste do Oceano Pacífico. Ele é estabelecido quando há uma diminuição igual ou maior a 0,5°C nas águas do oceano. O fenômeno acontece a cada 3 ou 5 anos.

Segundo os cálculos da Noaa, o La Niña deve continuar até o período entre fevereiro e abril de 2025, com 59% de chance de persistência.

Depois disso, é esperado que as condições voltem ao estado neutro, provavelmente entre março e maio de 2025, com 60% de chance de transição.

🌊 Para o Brasil, os efeitos clássicos do La Niña são:

  • Aumento de chuvas no Norte e no Nordeste;
  • Tempo seco no Centro-Sul, com chuvas mais irregulares;
  • Tendência de tempo mais seco no Sul;
  • Condição mais favorável para a entrada de massas de ar frio no Brasil, gerando maior variação térmica.

Ainda de acordo com a Noaa, a La Niña começou em dezembro de 2024 e foi identificada por temperaturas mais frias do que o normal na superfície do mar em algumas partes do Oceano Pacífico (veja a figura acima).

Na última medição, a região conhecida como Niño-3.4 estava cerca de 0,7°C mais fria, enquanto outras áreas, como Niño-4, também apresentaram valores abaixo da média.

As camadas mais profundas do oceano também esfriaram bastante, especialmente nas áreas central e leste.

Apesar disso, os especialistas da Noaa preveem que essa atual La Niña será fraca e deve durar durante o verão no Hemisfério Sul, com pequenas variações na temperatura do oceano.

Modelos climáticos indicam que as águas do Pacífico continuarão um pouco mais frias até o início do outono, quando, provavelmente, as condições voltarão ao normal.

Mas mesmo sendo uma La Niña fraca, ela pode causar mudanças no clima, como já é esperado nas previsões sazonais.

Impactos diretos no Brasil

Fábio Luengo, meteorologista da Climatempo, explica que o cenário atual já reflete os efeitos de uma La Niña fraca e de curta duração.

“Na prática, isso quer dizer que não vai mudar muito do que já estávamos prevendo. A La Niña, de forma geral, traz pouca chuva pro Centro-Sul, mas aumenta a chance de granizo. E é exatamente o que estamos vendo, especialmente em São Paulo: muitos temporais acompanhados de granizo, bem diferente do verão passado, quando quase não tivemos isso», diz.

Ainda segundo Luengo, isso ocorre por dois motivos principais:

  1. Primeiro, a atmosfera está mais fria, o que facilita a formação de granizo.
  2. Segundo, a La Niña desloca o jato subtropical mais para o norte, aproximando-o do Centro-Oeste e Sudeste. E esse deslocamento aumenta as áreas de instabilidade, que, ao se combinarem com o calor e a umidade, geram mais tempestades.

Ele também destaca que a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é responsável por levar chuvas para o norte do país, já está descendo.

«Isso quer dizer que está chovendo mais no Amapá e no norte do Pará. Daqui a pouco, a chuva vai aumentar no norte do Nordeste, especialmente no Maranhão, Piauí e Fortaleza», acrescenta.

Além disso, a atuação mais persistente das ACAs (Alta da Cordilheira dos Andes) também impacta o país.

Desde o início do mês, essas formações têm contribuído para manter o padrão de pouca chuva no Centro-Sul, enquanto aumentam a umidade no Norte e Nordeste.

⛈️☀️️ El Niño X La Niña

O El Niño é a fase positiva do fenômeno chamado El Niño Oscilação Sul (ENOS). Quando ele está em atuação, o calor é reforçado no verão e o inverno é menos rigoroso no Brasil. Isso ocorre porque ele dificulta o avanço de frentes frias no país, fazendo com que as quedas sejam mais sutis e mais breves.

Em resumo, o fenômeno causa secas no Norte e Nordeste do país (chuvas abaixo da média), principalmente nas regiões mais equatoriais, e provoca chuvas excessivas no Sul e no Sudeste.

El Niño e La Niña — Foto: Arte g1/Luisa Rivas

El Niño e La Niña — Foto: Arte g1/Luisa Rivas

Apesar do fim do fenômeno, esse último inverno ainda foi bastante impactado pela influência do El Niño, muito por conta de sua forte intensidade ao longo dos meses.

Agora estamos observando um resfriamento mais evidente das águas do Pacífico, com o estabelecimento do La Niña confirmado.

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